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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Artigo: "PROJETO P.A.A. – PRODUÇÃO DE ACERVO DE ÁUDIO: SUAS PROPOSTAS, MÉTODOS E DESENVOLVIMENTO" - Bolsistas PIBID/FIC - Subprojeto Letras-Português

PROJETO P.A.A. – PRODUÇÃO DE ACERVO DE ÁUDIO: SUAS PROPOSTAS, MÉTODOS E DESENVOLVIMENTO



Autores:

ANA LUIZA ALVES MARTINS BORBA (PIBID/ P.A.A/ FEUC/ FIC)
aninha-pdp@hotmail.com

FLÁVIA LINS DE ASSUNÇÃO RIBEIRO (PIBID/ P.A.A/ FEUC/ FIC)
Flávialins67@outlook.com

GUSTAVO FERNANDES FELIZARDO DA SILVA (PIBID/ P.A.A/ FEUC/ FIC)
gustavofelizardoo@gmail.com

ISADORA LINS ASSUNÇÃO SILVA (PIBID/ P.A.A/ FEUC/ FIC)
Isadoralins93@gmail.com

Orientadores:
Profª. Drª. Arlene da Fonseca Figueira (UFRJ / UFF / FEUC-FIC / SME-RJ)
Prof. Me. Erivelto da Silva Reis (FIC / UFRJ / SEEDUC-RJ)


RESUMO: O subprojeto Produção de Acervo de Áudio (P.A.A.) faz parte do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), patrocinado pela CAPES, sediado pelas Faculdades Integradas Campo-Grandenses (FIC/FEUC). O PIBID visa a contribuir para a formação de futuros docentes mais capacitados para a pesquisa aplicada à prática, porque os estudos desenvolvidos devem ser direcionados para alunos da educação básica da rede pública. Um dos objetivos do P.A.A. é o de produzir materiais que facilitem a acessibilidade da Literatura para portadores de necessidades especiais, principalmente pessoas cegas ou com baixa visão. Para implementar este subprojeto, bolsistas do curso de Letras das FIC, juntamente com a escola parceira - Escola Municipal Euclides da Cunha/RJ - estão trabalhando a leitura de textos literários, em domínio público, com alunos do sexto ao nono ano para a gravação de Cd’s ou audiolivros. Como forma de estimular a leitura dos textos literários são oferecidas oficinas de leitura, que abrangem desde dramatização à sonoplastia. Os resultados esperados são a formação de docentes críticos, capazes de interrelacionar a teoria e a prática pedagógica no ensino de Língua Portuguesa, estimulando nos alunos da escola parceira não somente o hábito, mas o gosto pela literatura. A criação de acervo de áudio poderá assegurar que muitas pessoas deficientes visuais, e não só elas, mas também analfabetos, presidiários, ou acamados possam vir a ter acesso aos clássicos da literatura.
PALAVRAS CHAVE: Teoria, prática, leitura, Literatura, formação de professor, audiolivro.



I – INTRODUÇÃO
          O presente subprojeto do curso de Letras-Português - Produção de Acervo de Áudio (P.A.A.) - nasceu com muitos objetivos, um deles é o de levar a literatura a pessoas que não têm acesso a mesma. Para a implementação deste subprojeto 25 bolsistas (financiados pela CAPES) do curso de Letras das Faculdades Integradas Campo-Grandenses foram selecionados por Edital/2013. Esses alunos têm, em suas mãos, a incumbência de fazer a diferença, mostrando que é possível mediar a leitura com enfoque teórico e diferentes abordagens metodológicas do Ensino da Língua Portuguesa.
          O subprojeto busca despertar o interesse pela literatura nos alunos do Ensino Fundamental II da escola parceira – Escola Municipal Euclides da Cunha/RJ – proporcionando a eles a capacidade de ler, compreender e desenvolver o gosto pela leitura. A teoria que dá suporte vem das reflexões de Colomer (2007) na obra Andar entre livros: a leitura na escola.
Um dos objetivos do subprojeto P.A.A – Produção de Acervo de Áudio – é a criação de mídias em áudio que tornarão possível a aproximação de obras clássicas da literatura aos portadores de necessidades especiais no campo da visão, portadores de deficiência total ou parcial, como também adultos não alfabetizados e alunos da educação básica. Também busca embasar a formação de futuros docentes com olhar de pesquisadores, pois estes tornar-se-ão sujeitos capazes de construir uma concepção de ensino linguístico e literário mais condizente com a abordagem atual, e de refletir sobre a importância da leitura e da interpretação de textos literários para formação de leitores críticos. Em todo o desenvolvimento dessas práticas, torna-se fundamental que os bolsistas da FIC, incentivem os alunos da Escola Municipal Euclides da Cunha, fazendo com que eles entendam o quanto é importante ter sua voz eternizada, dessa forma os alunos estão cientes da importância do projeto, que visa, além da compreensão de clássicos da literatura, fazer com que estes alunos tomem gosto pelo texto literário e, a partir daí, sintam então o desejo de tornar acessível para pessoas que não têm acesso a literatura, tais como portadoras de necessidades especiais no campo da visão, o conhecimento da existência da riqueza  dessas obras.
          Sendo assim, tal projeto possui alguns objetivos específicos:
       I.            Diagnosticar a realidade escolar em seus aspectos macro e microestrutural;
    II.            Identificar e analisar as maiores dificuldades de leitura apresentadas por estudantes da Educação Básica;
 III.            Inserir os alunos da FIC (Faculdades Integradas Campo-grandenses) na realidade da escola pública;
 IV.            Criar oficinas de gravação para a leitura e a produção de CDs de acervo em áudio;
    V.            Oferecer oficinas de leituras de textos literários;
 VI.            Promover a reflexão entre a teoria e a prática;
VII.            Promover a interação entre a Escola e a Faculdade;
VIII.            e, produzir e tornar acessível material em áudio que aproxime a Literatura dos portadores de necessidades especiais no campo da visão.

          O enfoque do projeto é que os alunos do Curso de Letras das FIC promovam o letramento literário no ensino fundamento II, especificamente, junto aos alunos da Escola Municipal Euclides da Cunha, localizada do bairro de Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro. Esse bairro é extremamente carente, principalmente no acesso ao lazer e espaços culturais, como cinemas, bibliotecas, teatros e museus. Portanto, é possível perceber que a Escola Municipal Euclides da Cunha se encontra localizada em uma área extremamente escassa do que diz respeito a bens culturais, o que pode prejudicar, consideravelmente, o desenvolvimento crítico intelectual de seus discentes.

II – ASSISTÊNCIA AOS DEFICIENTES VISUAIS

            Quanto à leitura disponível para os deficientes totais ou parciais apresenta-se a leitura em Braille e o audiolivro.  Para a grande maioria das pessoas ler é algo simples e acessível, basta procurar exemplares nas bibliotecas e livrarias. Todavia, essa acessibilidade aos portadores de deficiência é grande e hoje ainda não se tem projetos notáveis para suprir essa necessidade.
Criado no século XIX pelo francês Louis Braille, o sistema de escrita e leitura através do tato revolucionou o mundo dos deficientes visuais. Entretanto, quase dois séculos depois de seu nascimento, livros criados ou adaptados para o sistema ainda são caros e de difícil acesso no Brasil. O custo de produção do livro em Braille é alto – cerca de dois dólares por página – e demora em média três meses para ficar pronto. Como não é possível reduzir ou aumentar o tamanho dos caracteres, como acontece com fontes tipográficas tradicionais, os livros também costumam ficar grandes. Uma página em tinta equivale a quatro páginas de um livro em Braille – assim, um pequeno dicionário da língua portuguesa acaba transformado em 35 grandes volumes.
            A leitura pessoal para uma pessoa cega hoje é um ato de solidariedade que a maioria das vezes vem por parte dos familiares. Ler para deficientes visuais requer disponibilidade de tempo, interesse e conscientização. A leitura pessoal é um meio que o deficiente tem de ter contato com a Literatura quando este não tem acesso ao Braille. Os audiolivros apresentam-se como um meio mais acessível e abastecedor dessa necessidade. A leitura é, para a pessoa cega ou para qualquer outro indivíduo, o veículo fundamental de desenvolvimento da comunicação. Não se restringe apenas à satisfação da necessidade de ler por prazer ou para obtenção de informação genérica, mas representa fator decisivo para a formação e desenvolvimento educacional, cultural, técnico e científico. Logo, o subprojeto P.A.A. tem a incumbência não somente Literária, mas também social, levando apoio e interesse que a Literatura proporciona, caracterizando como um subprojeto com grandes capacidades e possibilidade de expansão nacional.
            O acesso ao livro didático ainda é precário e demorado. O MEC, que arca com a metade do valor da versão digital, distribui para as escolas o material considerado por ele necessário para a alfabetização de deficientes visuais. Porém a demora que isso ocorre é drástica, e os alunos especiais, quando recebem, chegam a tê-los na metade do ano letivo ou no seu final, e a escola ainda tem problemas graves, pois estes alunos estão, muitas vezes, inseridos em sala com os demais onde apenas uma professora tem que dar conta de tudo. Os softwares atuam nesse processo de alfabetização, fazendo a leitura dos conteúdos para os alunos, uma forma que trabalha com audição semelhantemente ao audiolivro, que são fabricados a um preço menor se comparado ao Braille.
Para a maioria das pessoas, basta entrar em uma livraria ou biblioteca de sua cidade para ter acesso a milhares de títulos, de best Sellers, como a saga Harry Potter a livros específicos sobre Física Quântica. Apenas em 2009, 22 mil lançamentos e 30 mil reedições encheram as livrarias brasileiras, segundo o balanço anual Produção e Vendas do Setor Editorial, realizadas pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Entretanto, a prateleira de livros é bem menor para aquelas pessoas consideradas cegas ou com baixa visão. Em 2010, a maior editora de livros em Braille da América Latina, a Fundação Dorina Nowill, produziu 342 títulos. “O acesso ao livro é precário e sofrível”, classifica Vera Lúcia Zednick, criadora do Projeto Acesso, uma organização sem fins lucrativos que luta pela inserção social e educativa do deficiente visual. Na biblioteca do Projeto Acesso, por exemplo, existem apenas 50 livros em Braille. Segundo Vera, existem pouquíssimos títulos disponíveis em livrarias, cujo catálogo é, em sua maioria, constituído por livros infantis.
O último dado disponível sobre o número de cegos e pessoas com baixa visão no Brasil (Censo 2000) aponta que existem 169 mil deficientes visuais no País – dos quais se estima que apenas 10% sejam alfabetizados em Braille.

III – A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
        Como diz a poética e realista frase de Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros.” Um fato recente que repercutiu todo o Brasil nos prova a veracidade destas palavras. Trata-se da notícia que estampou os jornais do país com os dizeres: “O Cearense que acertou 95% do Enem”. Retrata a história de João Victor Claudiano, o educando que nem havia concluído o ensino médio, oriundo de uma escola pública de Fortaleza, de origem humilde, e filho de mãe analfabeta.   O aluno que mais acertou questões do Exame nacional do ensino médio, quase acertou a prova inteira, e sabe por quê? Por causa da paixão pelos livros.
         Frequentador assíduo da biblioteca de sua escola, João chegou a ler de 80 a 90 livros só neste ano, fez da leitura um refúgio ao bullying sofrido por outros alunos, por causa da sua aparência e dedicação abnegada aos estudos. João ainda não sabe se vai entrar na faculdade de medicina agora ou se vai cursar o 3º ano, mas duas escolas particulares de Fortaleza já ofereceram bolsas de estudo para ele e para os irmãos.
         Agora João, em um feito quase inédito na vida dele, vai poder escolher. “Não me importa se você é classe média, classe alta ou classe baixa. Se mora no Sul, no Sudeste, Norte ou Nordeste. Se você estudou em escola pública ou particular. A vida é um ciclo, e mesmo que aconteçam coisas opostas ao que você quer, se você continuar querendo você vai conseguir”, diz João.
        É isto que move nosso projeto, histórias como esta, e que podem vir a se tornar como a deste estudante do Ceará. Acreditamos na forte influência e poder que a leitura exerce, e que pode vir a exercer na vida de crianças, jovens e adultos. É imprescindível fazermos da leitura uma prática habitual internalizada nos discentes.         
       Nosso campo de atuação são as escolas públicas, e como nos alegra e nos motiva sabermos que por meio dos livros nossos estudantes podem alçar altos voos, que podem desfazer essa imagem estigmatizada e contrária de aluno da Rede pública, que podem fazer história e quebrar paradigmas.
      Conclui-se que é imprescindível fazermos da leitura uma prática habitual internalizada nos discentes. Sentimo-nos gratos e honrosos por integrarmos o P.A.A, onde podemos vivenciar na prática a preciosidade do ato de ler.  

  
IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS
          O acesso à literatura deve ser um direito de todos. É inegável o quanto um texto literário tem o poder de mudar perspectivas, pois com ele o individuo entra em contato com outros mundos diferentes do seu, levando-o então a ser um alguém com uma visão crítica do mundo, capaz de analisá-lo, confrontá-lo e desmistificá-lo. Um exemplo disso foi o que aconteceu com João, o menino Cearense, estudante de escola pública que tinha em sua história o estigma de que não poderia chegar a algum lugar. Ele, não sozinho, mas em companhia dos livros, mudou o quadro de sua vida e pode sonhar muito mais alto agora, pois o que antes era utopia, agora é realidade.
          Portanto, torna-se necessário que o acesso a literatura chegue a pessoas que não podem ler ou não tenham fácil acesso a leitura, sendo elas, deficientes visuais, adultos não alfabetizados, alunos, professores e todo aquele que por algum motivo não tenha contato com o mundo dos livros. O subprojeto P.A.A. encontrou uma maneira acessível e barata para fazer com que todos tenham esse contato, isto se tornou claro ao comparar-se a fabricação de um livro em Braille com a de uma audiolivro. Nos dias atuais temos em mãos o poder da tecnologia, um mero celular com um gravador de voz pode ser um instrumento muito útil na gravação de textos, o que prova mais uma vez o quanto é viável a criação de material em áudio.
O texto literário é o contato das pessoas cegas ou com baixa visão com outros mundos que não o seu, quando uma pessoa com deficiência visual, total ou parcial, acompanha algo na TV, por exemplo, ela escuta a fala dos personagens, percebe a diferença na entonação da voz, mas não pode acompanhar a fisionomia do ator em cena. Em um livro, o narrador além das falas, além das emoções, descreve o ambiente, a aparência, até mesmo a vestimenta da personagem, dessa forma podemos nos sentir inseridos na história, vivê-la e senti-la, esta é a sensação que queremos transmitir a quem não pode ver, por isso a produção deste acervo em áudio é de suma importância e pode ampliar a consciência de que a literatura é um direito e deve se tornar um dever garantir o seu acesso a todo e qualquer individuo.



V – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. Trad. Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2007.
Disponível em: <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/11/cearense-que-acertou-95-do-enem-diz-que-sempre-sofria-bullying.html>. Acesso em 02 de dezembro de 2014.
Disponível em: <http://www.fundacaodorina.org.br/o-que-fazemos/livros-acessiveis/> Acesso em 30 de novembro de novembro de 2014.
Disponível em: <http://www.prograd.uff.br/novo/ > Acesso em 30 de novembro de 2014.
Disponível em: <http://www.candido.bpp.pr.gov.br/> Acesso em 30 de novembro de 2014.


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