PROJETO P.A.A. – PRODUÇÃO DE ACERVO DE ÁUDIO: SUAS
PROPOSTAS, MÉTODOS E DESENVOLVIMENTO
Autores:
ANA LUIZA ALVES
MARTINS BORBA (PIBID/ P.A.A/ FEUC/ FIC)
aninha-pdp@hotmail.com
FLÁVIA LINS DE
ASSUNÇÃO RIBEIRO (PIBID/ P.A.A/ FEUC/ FIC)
Flávialins67@outlook.com
GUSTAVO
FERNANDES FELIZARDO DA SILVA (PIBID/ P.A.A/ FEUC/ FIC)
gustavofelizardoo@gmail.com
ISADORA LINS
ASSUNÇÃO SILVA (PIBID/ P.A.A/ FEUC/ FIC)
Isadoralins93@gmail.com
Orientadores:
Profª. Drª.
Arlene da Fonseca Figueira (UFRJ / UFF / FEUC-FIC / SME-RJ)
Prof. Me.
Erivelto da Silva Reis (FIC / UFRJ / SEEDUC-RJ)
RESUMO:
O subprojeto Produção de Acervo de Áudio (P.A.A.) faz parte do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), patrocinado pela CAPES,
sediado pelas Faculdades Integradas Campo-Grandenses (FIC/FEUC). O PIBID visa a
contribuir para a formação de futuros docentes mais capacitados para a pesquisa
aplicada à prática, porque os estudos desenvolvidos devem ser direcionados para
alunos da educação básica da rede pública. Um dos objetivos do P.A.A. é o de
produzir materiais que facilitem a acessibilidade da Literatura para portadores
de necessidades especiais, principalmente pessoas cegas ou com baixa visão.
Para implementar este subprojeto, bolsistas do curso de Letras das FIC,
juntamente com a escola parceira - Escola Municipal Euclides da Cunha/RJ -
estão trabalhando a leitura de textos literários, em domínio público, com
alunos do sexto ao nono ano para a gravação de Cd’s ou audiolivros. Como forma
de estimular a leitura dos textos literários são oferecidas oficinas de
leitura, que abrangem desde dramatização à sonoplastia. Os resultados esperados
são a formação de docentes críticos, capazes de interrelacionar a teoria e a
prática pedagógica no ensino de Língua Portuguesa, estimulando nos alunos da
escola parceira não somente o hábito, mas o gosto pela literatura. A criação de
acervo de áudio poderá assegurar que muitas pessoas deficientes visuais, e não
só elas, mas também analfabetos, presidiários, ou acamados possam vir a ter
acesso aos clássicos da literatura.
PALAVRAS
CHAVE: Teoria, prática, leitura, Literatura, formação de
professor, audiolivro.
I – INTRODUÇÃO
O presente
subprojeto do curso de Letras-Português - Produção de Acervo de Áudio (P.A.A.)
- nasceu com muitos objetivos, um deles é o de levar a literatura a pessoas que
não têm acesso a mesma. Para a implementação deste subprojeto 25 bolsistas
(financiados pela CAPES) do curso de Letras das Faculdades Integradas
Campo-Grandenses foram selecionados por Edital/2013. Esses alunos têm, em suas
mãos, a incumbência de fazer a diferença, mostrando que é possível mediar a
leitura com enfoque teórico e diferentes abordagens metodológicas do Ensino da
Língua Portuguesa.
O
subprojeto busca despertar o interesse pela literatura nos alunos do Ensino
Fundamental II da escola parceira – Escola Municipal Euclides da Cunha/RJ –
proporcionando a eles a capacidade de ler, compreender e desenvolver o gosto
pela leitura. A teoria que dá suporte vem das reflexões de Colomer (2007) na
obra Andar entre livros: a leitura na
escola.
Um dos objetivos do subprojeto
P.A.A – Produção de Acervo de Áudio – é a criação de mídias em áudio que
tornarão possível a aproximação de obras clássicas da literatura aos portadores
de necessidades especiais no campo da visão, portadores de deficiência total ou
parcial, como também adultos não alfabetizados e alunos da educação básica.
Também busca embasar a formação de futuros docentes com olhar de pesquisadores,
pois estes tornar-se-ão sujeitos capazes de construir uma concepção de ensino
linguístico e literário mais condizente com a abordagem atual, e de refletir
sobre a importância da leitura e da interpretação de textos literários para
formação de leitores críticos. Em todo o desenvolvimento dessas práticas,
torna-se fundamental que os bolsistas da FIC, incentivem os alunos da Escola
Municipal Euclides da Cunha, fazendo com que eles entendam o quanto é
importante ter sua voz eternizada, dessa forma os alunos estão cientes da
importância do projeto, que visa, além da compreensão de clássicos da
literatura, fazer com que estes alunos tomem gosto pelo texto literário e, a
partir daí, sintam então o desejo de tornar acessível para pessoas que não têm
acesso a literatura, tais como portadoras de necessidades especiais no campo da
visão, o conhecimento da existência da riqueza
dessas obras.
Sendo assim, tal projeto possui alguns objetivos específicos:
I.
Diagnosticar a realidade escolar em seus
aspectos macro e microestrutural;
II.
Identificar e analisar as maiores
dificuldades de leitura apresentadas por estudantes da Educação Básica;
III.
Inserir os alunos da FIC (Faculdades
Integradas Campo-grandenses) na realidade da escola pública;
IV.
Criar oficinas de gravação para a
leitura e a produção de CDs de acervo em áudio;
V.
Oferecer oficinas de leituras de textos
literários;
VI.
Promover a reflexão entre a teoria e a
prática;
VII.
Promover a interação entre a Escola e a
Faculdade;
VIII.
e, produzir e tornar acessível material
em áudio que aproxime a Literatura dos portadores de necessidades especiais no
campo da visão.
O
enfoque do projeto é que os alunos do Curso de Letras das FIC promovam o
letramento literário no ensino fundamento II, especificamente, junto aos alunos
da Escola Municipal Euclides da Cunha, localizada do bairro de Guaratiba, zona
oeste do Rio de Janeiro. Esse bairro é extremamente carente, principalmente no
acesso ao lazer e espaços culturais, como cinemas, bibliotecas, teatros e
museus. Portanto, é possível perceber que a Escola Municipal Euclides da Cunha
se encontra localizada em uma área extremamente escassa do que diz respeito a
bens culturais, o que pode prejudicar, consideravelmente, o desenvolvimento
crítico intelectual de seus discentes.
II
– ASSISTÊNCIA AOS DEFICIENTES VISUAIS
Quanto
à leitura disponível para os deficientes totais ou parciais apresenta-se a leitura
em Braille e o audiolivro. Para a grande maioria das pessoas ler é
algo simples e acessível, basta procurar exemplares nas bibliotecas e
livrarias. Todavia, essa acessibilidade aos portadores de deficiência é grande
e hoje ainda não se tem projetos notáveis para suprir essa necessidade.
Criado no século XIX pelo francês Louis
Braille, o sistema de escrita e leitura através do tato revolucionou o mundo
dos deficientes visuais. Entretanto, quase dois séculos depois de seu
nascimento, livros criados ou adaptados para o sistema ainda são caros e de
difícil acesso no Brasil. O custo de produção do livro em Braille é alto –
cerca de dois dólares por página – e demora em média três meses para ficar
pronto. Como não é possível reduzir ou aumentar o tamanho dos caracteres, como
acontece com fontes tipográficas tradicionais, os livros também costumam ficar
grandes. Uma página em tinta equivale a quatro páginas de um livro em Braille –
assim, um pequeno dicionário da língua portuguesa acaba transformado em 35
grandes volumes.
A
leitura pessoal para uma pessoa cega hoje é um ato de solidariedade que a
maioria das vezes vem por parte dos familiares. Ler para deficientes visuais
requer disponibilidade de tempo, interesse e conscientização. A leitura pessoal
é um meio que o deficiente tem de ter contato com a Literatura quando este não
tem acesso ao Braille. Os audiolivros apresentam-se como um meio mais acessível
e abastecedor dessa necessidade. A leitura é, para a pessoa cega ou para qualquer outro
indivíduo, o veículo fundamental de desenvolvimento da comunicação. Não se
restringe apenas à satisfação da necessidade de ler por prazer ou para obtenção
de informação genérica, mas representa fator decisivo para a formação e
desenvolvimento educacional, cultural, técnico e científico. Logo,
o subprojeto P.A.A. tem a incumbência não somente Literária, mas também social,
levando apoio e interesse que a Literatura proporciona, caracterizando como um
subprojeto com grandes capacidades e possibilidade de expansão nacional.
O
acesso ao livro didático ainda é precário e demorado. O MEC, que arca com a
metade do valor da versão digital, distribui para as escolas o material considerado
por ele necessário para a alfabetização de deficientes visuais. Porém a demora
que isso ocorre é drástica, e os alunos especiais, quando recebem, chegam a
tê-los na metade do ano letivo ou no seu final, e a escola ainda tem problemas
graves, pois estes alunos estão, muitas vezes, inseridos em sala com os demais
onde apenas uma professora tem que dar conta de tudo. Os softwares atuam nesse
processo de alfabetização, fazendo a leitura dos conteúdos para os alunos, uma
forma que trabalha com audição semelhantemente ao audiolivro, que são
fabricados a um preço menor se comparado ao Braille.
Para a maioria das pessoas, basta entrar em
uma livraria ou biblioteca de sua cidade para ter acesso a milhares de títulos,
de best Sellers, como a saga Harry Potter a livros específicos sobre Física
Quântica. Apenas em 2009, 22 mil lançamentos e 30 mil reedições encheram as
livrarias brasileiras, segundo o balanço anual Produção e Vendas do Setor
Editorial, realizadas pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Entretanto, a prateleira de livros é bem
menor para aquelas pessoas consideradas cegas ou com baixa visão. Em 2010, a
maior editora de livros em Braille da América Latina, a Fundação Dorina Nowill,
produziu 342 títulos. “O acesso ao livro é precário e sofrível”, classifica
Vera Lúcia Zednick, criadora do Projeto Acesso, uma organização sem fins
lucrativos que luta pela inserção social e educativa do deficiente visual. Na
biblioteca do Projeto Acesso, por exemplo, existem apenas 50 livros em Braille.
Segundo Vera, existem pouquíssimos títulos disponíveis em livrarias, cujo
catálogo é, em sua maioria, constituído por livros infantis.
O último dado disponível sobre o número de
cegos e pessoas com baixa visão no Brasil (Censo 2000) aponta que existem 169
mil deficientes visuais no País – dos quais se estima que apenas 10% sejam
alfabetizados em Braille.
III
– A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
Como diz a
poética e realista frase de Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e
livros.” Um fato recente que repercutiu todo o Brasil nos prova a veracidade
destas palavras. Trata-se da notícia que estampou os jornais do país com os
dizeres: “O Cearense que acertou 95% do Enem”. Retrata a história de João
Victor Claudiano, o educando que nem havia concluído o
ensino médio, oriundo de uma escola pública de Fortaleza, de origem humilde, e
filho de mãe analfabeta. O aluno que
mais acertou questões do Exame nacional do ensino médio, quase acertou a prova
inteira, e sabe por quê? Por causa da paixão pelos livros.
Frequentador assíduo da biblioteca de sua escola, João chegou a ler de
80 a 90 livros só neste ano, fez da leitura um refúgio ao bullying sofrido por
outros alunos, por causa da sua aparência e dedicação abnegada aos estudos. João ainda não sabe
se vai entrar na faculdade de medicina agora ou se vai cursar o 3º ano, mas
duas escolas particulares de Fortaleza já ofereceram bolsas de estudo para ele
e para os irmãos.
Agora João, em um feito quase inédito
na vida dele, vai poder escolher. “Não me importa se você é classe média,
classe alta ou classe baixa. Se mora no Sul, no Sudeste, Norte ou Nordeste. Se
você estudou em escola pública ou particular. A vida é um ciclo, e mesmo que
aconteçam coisas opostas ao que você quer, se você continuar querendo você vai
conseguir”, diz João.
É isto que move nosso projeto,
histórias como esta, e que podem vir a se tornar como a deste estudante do
Ceará. Acreditamos na forte influência e poder que a leitura exerce, e que pode
vir a exercer na vida de crianças, jovens e adultos. É imprescindível fazermos
da leitura uma prática habitual internalizada nos discentes.
Nosso campo de atuação são as escolas
públicas, e como nos alegra e nos motiva sabermos que por meio dos livros
nossos estudantes podem alçar altos voos, que podem desfazer essa imagem
estigmatizada e contrária de aluno da Rede pública, que podem fazer história e
quebrar paradigmas.
Conclui-se que é imprescindível fazermos
da leitura uma prática habitual internalizada nos discentes. Sentimo-nos gratos
e honrosos por integrarmos o P.A.A, onde podemos vivenciar na prática a
preciosidade do ato de ler.
IV
– CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
acesso à literatura deve ser um direito de todos. É inegável o quanto um texto
literário tem o poder de mudar perspectivas, pois com ele o individuo entra em
contato com outros mundos diferentes do seu, levando-o então a ser um alguém
com uma visão crítica do mundo, capaz de analisá-lo, confrontá-lo e
desmistificá-lo. Um exemplo disso foi o que aconteceu com João, o menino
Cearense, estudante de escola pública que tinha em sua história o estigma de
que não poderia chegar a algum lugar. Ele, não sozinho, mas em companhia dos
livros, mudou o quadro de sua vida e pode sonhar muito mais alto agora, pois o
que antes era utopia, agora é realidade.
Portanto, torna-se necessário que o acesso a literatura chegue a pessoas
que não podem ler ou não tenham fácil acesso a leitura, sendo elas, deficientes
visuais, adultos não alfabetizados, alunos, professores e todo aquele que por
algum motivo não tenha contato com o mundo dos livros. O subprojeto P.A.A.
encontrou uma maneira acessível e barata para fazer com que todos tenham esse
contato, isto se tornou claro ao comparar-se a fabricação de um livro em
Braille com a de uma audiolivro. Nos dias atuais temos em mãos o poder da
tecnologia, um mero celular com um gravador de voz pode ser um instrumento muito
útil na gravação de textos, o que prova mais uma vez o quanto é viável a
criação de material em áudio.
O texto literário é o contato das
pessoas cegas ou com baixa visão com outros mundos que não o seu, quando uma
pessoa com deficiência visual, total ou parcial, acompanha algo na TV, por
exemplo, ela escuta a fala dos personagens, percebe a diferença na entonação da
voz, mas não pode acompanhar a fisionomia do ator em cena. Em um livro, o
narrador além das falas, além das emoções, descreve o ambiente, a aparência,
até mesmo a vestimenta da personagem, dessa forma podemos nos sentir inseridos
na história, vivê-la e senti-la, esta é a sensação que queremos transmitir a
quem não pode ver, por isso a produção deste acervo em áudio é de suma
importância e pode ampliar a consciência de que a literatura é um direito e
deve se tornar um dever garantir o seu acesso a todo e qualquer individuo.
V
– REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária
na escola. Trad. Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2007.
Disponível em: <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/11/cearense-que-acertou-95-do-enem-diz-que-sempre-sofria-bullying.html>.
Acesso em 02 de dezembro de 2014.
Disponível em: <http://www.fundacaodorina.org.br/o-que-fazemos/livros-acessiveis/> Acesso em 30 de novembro de novembro de
2014.
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